sexta-feira, 15 de julho de 2011
TUDO AZUL....
Les Schtroumpfs, ou "Os Smurfs", como ficaram conhecidos por aqui, fizeram sucesso nos anos 80, e, este ano, estão comemorando 50 anos de vida. Os simpáticos duendes nasceram em 1958, na prancheta do belga Pierre Culliford, conhecido como Peyo, e de lá pularam para o resto do mundo com os desenhos animados de Hanna Barbera.
O meio-século dos Smurfs vai ser supercomemorado na sua terra natal -- além do lançamento do livro "Les Schtroumpfs et le livre que dit tout ("Os Smurfs e o livro que diz tudo", em tradução livre) e de uma coleção de livros de bolso, os duendes vão ficar em cartaz de maio a novembro, numa exposição organizada pelo Centro Belga de História em Quadrinhos. Importantíssimos por lá, os pequenos azuis também estampam uma série especial de selos lançada pelos correios belgas.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
DESIGN CHINÊS
Professor na China, o carioca Bruno Porto faz palestra no Rio, ensinando a evitar saias-justas em design no outro lado do planeta
No mundo do design gráfico, nem tudo que reluz no ocidente é ouro na China. Mas bem o extremo oposto. É esta a conclusão do designer carioca Bruno Porto, que há cinco anos mora em Xangai e vive de prestar consultoria para empresas que pretendem abocanhar o bolso dos chineses - entre elas Unilever e Pfizer - e de dar aulas no Raffles Design Institute, uma das principais universidades privadas da Ásia.
- Em terra de Mao, o menos nunca é mais, só parece pobre mesmo - brinca Porto, que está no Rio para lançar o livro "Vende-se Design" (2AB Editora) e fazer na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), dia 25, uma palestra sobre o ensino de design no exterior . - Os chineses gostam de veludo, dourado, degradê. São verdadeiros Hans Donners lisérgicos. Lá, o branco nunca é da paz, só do luto, e os mascotes, que estão por todos os lados, são poderosas e eficientes ferramentas de comunicação que falam à massa de analfabetos funcionais, algo bem diferente dos bichinhos de pelúcia que acumulam poeira no alto das estantes da vida.
'Bilinguismo' no design
Porto prega com vigor a necessidade de se estabelecer um "bilinguismo" no design mundial, entre oriente e ocidente, é claro. Só isso poderá evitar catástrofes e saias-justas na "tradução" de marcas, ideias e espíritos que decidirem migrar de um lado para o outro do planeta.
- O designer que estiver por trás de uma empresa que quer emplacar na China deve saber, por exemplo, que não se usam letras em vermelho - explica Porto, adiantando o conteúdo da palestra que fará no Encontro Nacional de Estudantes de Design (N Design). - Essa cor aparece, principalmente, no registro dos nomes dos mortos nas tumbas e nos cemitérios. Além disso, o profissional precisa estar ciente do clima estranho que ronda o número quatro, que é tão ou mais azarado lá quanto o 13 por aqui.
Membro de um corpo docente composto por 30 profissionais oriundos de 20 países, Porto já formou mais de 5 mil designers chineses. Considera essa a primeira geração apta a fazer a tal "tradução" entre um ocidental e um chinês no que diz respeito à arte gráfica, mas, mesmo assim, ainda gargalha com as diferentes percepções que permeiam as duas realidades:
- Comic Sans, Brush Script e todas as outras fontes rebuscadas, redondinhas e trabalhosas que existem fazem um enorme sucesso entre os chineses, que olham com grande desdém a clareza e a limpidez da nossa Helvética - conta o carioca. - Além disso, por viverem num universo de ideogramas, que se resumem a quadradinhos de mesmo tamanho que significam uma ideia inteira, os chineses não aplicam direito nossas maiúsculas e minúsculas, os negritos e os itálicos, o espaçamento entre as palavras e não entendem porque deixamos as hastes inferiores de letras como "j" ou "g" abaixo da linha do texto. Daí erros seríssimos em cartazes e logotipos.
E foi com o objetivo de minimizar essa distância entre os mundos do design - que fica cada vez mais evidente no ano em que a China completa uma década na Organização Mundial do Comércio (OMC) - que Porto aceitou o convite do designer Itamar Medeiros, que já vivia do outro lado do mundo, para se mudar com a mulher e o filho para Xangai. Seus primeiros dias por lá também não foram muito fáceis:
- Um dos meus primeiros trabalhos na China foi fazer uma sugestão de tipografia para a edição asiática da revista britânica "Tatler". Escolhi uma fonte linda, requintada e, só mais tarde, descobri que ela era exclusiva para lápides. Foi um choque, mas aprendi que os chineses têm fontes que servem exclusivamente para poemas também. São coisas assim que os ocidentais precisam entender e aprender antes de entrar lá.
Para Porto, o mercado de trabalho segue promissor na China. Até mesmo para jovens profissionais.
- O governo de lá está estimulando o consumo. Aumentou o número de feriados, e os designers locais só sabem vender bem os produtos tradicionais: chá e arroz. Não fazem ideia de como tratar café, leite, pizza ou desodorante, e acabam copiando coisas preexistentes. É um nicho imenso a ser descoberto.
E é para aproximar os brasileiros dos chineses que Bruno Porto levará para Xangai a primeira edição do "Illustra Brazil!". Entre os dias 20 e 24 de setembro, a galeria The Foundry exibirá cem ilustrações, animações e quadrinhos de autores do Brasil. Estarão na mostra, que também tem uma agenda de palestras sobre negócios em design, obras de Benício, Fábio Moon e Daniel Bueno.
FONTE: http://oglobo.globo.com/cultura
© 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
No mundo do design gráfico, nem tudo que reluz no ocidente é ouro na China. Mas bem o extremo oposto. É esta a conclusão do designer carioca Bruno Porto, que há cinco anos mora em Xangai e vive de prestar consultoria para empresas que pretendem abocanhar o bolso dos chineses - entre elas Unilever e Pfizer - e de dar aulas no Raffles Design Institute, uma das principais universidades privadas da Ásia.
- Em terra de Mao, o menos nunca é mais, só parece pobre mesmo - brinca Porto, que está no Rio para lançar o livro "Vende-se Design" (2AB Editora) e fazer na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), dia 25, uma palestra sobre o ensino de design no exterior . - Os chineses gostam de veludo, dourado, degradê. São verdadeiros Hans Donners lisérgicos. Lá, o branco nunca é da paz, só do luto, e os mascotes, que estão por todos os lados, são poderosas e eficientes ferramentas de comunicação que falam à massa de analfabetos funcionais, algo bem diferente dos bichinhos de pelúcia que acumulam poeira no alto das estantes da vida.
'Bilinguismo' no design
Porto prega com vigor a necessidade de se estabelecer um "bilinguismo" no design mundial, entre oriente e ocidente, é claro. Só isso poderá evitar catástrofes e saias-justas na "tradução" de marcas, ideias e espíritos que decidirem migrar de um lado para o outro do planeta.
- O designer que estiver por trás de uma empresa que quer emplacar na China deve saber, por exemplo, que não se usam letras em vermelho - explica Porto, adiantando o conteúdo da palestra que fará no Encontro Nacional de Estudantes de Design (N Design). - Essa cor aparece, principalmente, no registro dos nomes dos mortos nas tumbas e nos cemitérios. Além disso, o profissional precisa estar ciente do clima estranho que ronda o número quatro, que é tão ou mais azarado lá quanto o 13 por aqui.
Membro de um corpo docente composto por 30 profissionais oriundos de 20 países, Porto já formou mais de 5 mil designers chineses. Considera essa a primeira geração apta a fazer a tal "tradução" entre um ocidental e um chinês no que diz respeito à arte gráfica, mas, mesmo assim, ainda gargalha com as diferentes percepções que permeiam as duas realidades:
- Comic Sans, Brush Script e todas as outras fontes rebuscadas, redondinhas e trabalhosas que existem fazem um enorme sucesso entre os chineses, que olham com grande desdém a clareza e a limpidez da nossa Helvética - conta o carioca. - Além disso, por viverem num universo de ideogramas, que se resumem a quadradinhos de mesmo tamanho que significam uma ideia inteira, os chineses não aplicam direito nossas maiúsculas e minúsculas, os negritos e os itálicos, o espaçamento entre as palavras e não entendem porque deixamos as hastes inferiores de letras como "j" ou "g" abaixo da linha do texto. Daí erros seríssimos em cartazes e logotipos.
E foi com o objetivo de minimizar essa distância entre os mundos do design - que fica cada vez mais evidente no ano em que a China completa uma década na Organização Mundial do Comércio (OMC) - que Porto aceitou o convite do designer Itamar Medeiros, que já vivia do outro lado do mundo, para se mudar com a mulher e o filho para Xangai. Seus primeiros dias por lá também não foram muito fáceis:
- Um dos meus primeiros trabalhos na China foi fazer uma sugestão de tipografia para a edição asiática da revista britânica "Tatler". Escolhi uma fonte linda, requintada e, só mais tarde, descobri que ela era exclusiva para lápides. Foi um choque, mas aprendi que os chineses têm fontes que servem exclusivamente para poemas também. São coisas assim que os ocidentais precisam entender e aprender antes de entrar lá.
Para Porto, o mercado de trabalho segue promissor na China. Até mesmo para jovens profissionais.
- O governo de lá está estimulando o consumo. Aumentou o número de feriados, e os designers locais só sabem vender bem os produtos tradicionais: chá e arroz. Não fazem ideia de como tratar café, leite, pizza ou desodorante, e acabam copiando coisas preexistentes. É um nicho imenso a ser descoberto.
E é para aproximar os brasileiros dos chineses que Bruno Porto levará para Xangai a primeira edição do "Illustra Brazil!". Entre os dias 20 e 24 de setembro, a galeria The Foundry exibirá cem ilustrações, animações e quadrinhos de autores do Brasil. Estarão na mostra, que também tem uma agenda de palestras sobre negócios em design, obras de Benício, Fábio Moon e Daniel Bueno.
FONTE: http://oglobo.globo.com/cultura
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